Pesquisas botânicas ganham a 4ª edição do Prêmio Márcio Ayres

As estudantes Mariana Fonseca (6ª série) e Rita de Cássia dos Santos (2º ano) classificaram seus estudos no primeiro lugar das categorias ensino fundamental e ensino médio no concurso que chama atenção sobre a biodiversidade amazônica e a iniciação científica nas escolas públicas e particulares do Pará

Agência Museu Goeldi – Na última sexta-feira, 19 de outubro, o Auditório Alexandre Rodrigues Ferreira, no Parque Zoobotânico do Museu Goeldi, lotou para o anúncio dos vencedores do Prêmio José Márcio Ayres Para Jovens Naturalistas (PJMA), concurso criado pelo Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e a Conservação Internacional – Brasil (CI-BR).

Estudantes, professores, familiares e, claro, os concorrentes ao prêmio aguardavam ansiosos para a divulgação dos vencedores nas categorias ensino fundamental e ensino médio. Emocionados, os participantes entenderam durante a cerimônia, independente da classificação ou não nos três primeiros lugares das duas categorias do concurso, a sabedoria da opinião de Nilson Gabas Jr, diretor do Museu Goeldi, que interpretou bem o espírito do concurso: “esta é uma premiação que todos sempre ganham”. Gabas ressaltou a importância do concurso como estratégia de inserção social de temas científicos e para o despertar de vocações para a ciência.

Cerimônia - O auditório do Museu Goeldi vibrou com a alegria das torcidas organizadas pelas escolas participantes cujos alunos concorriam como finalistas no concurso. Alguns participavam da premiação pela primeira vez, outros, como a estudante Ana Paula Borges, segundo lugar do Prêmio em 2006, repetiam o feito de trazer suas pesquisas às finais. No entanto, veteranos ou calouros, todos ansiavam por aquele momento. “Na véspera da apresentação ela até adoeceu, também deve estar ansiosa agora”, exemplifica Edilva Sousa, mãe da candidata Jacqueline Sousa, que apresentou uma pesquisa sobre flores tropicais.

A entrega dos prêmios foi presidida por Gabas Junior, e contou também com os doutores Manoel Ayres, médico, cientista pioneiro na pesquisa genética e bioestatística e um dos patrocinadores do evento, e Renata Valente, ornitóloga e gerente do Programa Amazônia da Conservação Internacional.

Manoel Ayres, pai do falecido pesquisador José Márcio Ayres (primatólogo do Museu Goeldi, um dos maiores especialistas brasileiros em biologia da conservação e criador da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá - AM), referiu emocionado sobre a importância do Prêmio para o prosseguimento do trabalho que Márcio Ayres iniciou.

“O fundamental do Prêmio Márcio Ayres é o estímulo que se dá aos jovens pesquisadores para que conheçam mais a nossa Amazônia. Esse é o ponto crucial, pois devastar a Amazônia todo mundo sabe, mas o conhecimento para evitar que ela se torne um espaço inabitável não”, afirma o veterano cientista, Manuel Ayres, que conclui: “O Prêmio é sempre uma grande homenagem ao meu filho”.

Renata Valente, que se sentiu gratificada em participar da Comissão Julgadora da IV edição do PJMA, conta que ficou surpresa com o nível dos trabalhos: “é perceptível que os alunos se envolveram seriamente com o processo de produção. O mais importante de tudo é estimulá-los para que comecem a pensar de uma maneira científica e mostrar a eles que é possível seguir o caminho da pesquisa”.

Na platéia, assistindo contentes a cerimônia, a botânica Raimunda Potiguara e o zóologo Orlando Tobias, pesquisadores do Museu Goeldi e também da Comissão Julgadora da premiação, compartilhavam do pensamento de Renata Valente. A botânica considera positiva a parceria professor/aluno que possibilita o estudo e o acúmulo de conhecimento durante a pesquisa. “O fato do aluno se empenhar para realizar a pesquisa é o maior prêmio do concurso. Isso representa que o aluno teve uma idéia e tentou uma busca”, observa Potiguara.

Vencedoras – Durante o evento, ocorreu o anúncio das pesquisas classificadas em 1º, 2º e 3º lugares nas categorias ensino fundamental e ensino médio (clique aqui para conhecer a lista), que receberam valores entre R$ 1.000,00 e R$ 2.000,00, certificados, troféus e livros. As mulheres dominaram a IV edição do PJMA. Os primeiros lugares nas duas categorias foram conquistados pelas estudantes Mariana Gallupo, 13 anos, e Rita de Cássia Santos, 17 anos.

A vencedora da categoria ensino fundamental, Mariana Gallupo, aluna da 6ª série do Centro Nipônico Adventista, explica que a idéia de participar do prêmio partiu de seu professor de biologia Jasper Turan, sendo que a idéia de ter a Praça Batista Campos como objeto de estudo veio da vontade que ela tinha que chamar a atenção das pessoas para esse espaço público, sobretudo por ter uma ligação afetiva com o local.
A estudante conta que foram duas semanas intensas de trabalho para finalizar a pesquisa e que a figura de sua mãe, que é professora de biologia, foi fundamental para o sucesso do trabalho.

Rita de Cássia, estudante do 2º ano da escola pública Albanizia de Oliveira Lima e primeira colocada na categoria ensino médio, foi bastante elogiada pelo trabalho que realizou, sobretudo porque conseguiu identificar uma espécie nova de pteridófita para o Parque Ambiental do Utinga, situado no município de Belém.

O trabalho que Rita desenvolveu foi longo e minucioso, além de leituras de artigos especializados e idas ao Parque do Utinga, ela pediu auxílio ao pesquisador do MPEG, Sebastião Maciel, que a ajudou na identificação das espécies. Para execução dessa pesquisa, a estudante contou com a orientação da professora Juraci da Silva e com a co-orientação do professor Ailton Borges.

Para as organizadoras do concurso, a educadora Filomena Secco e a jornalista Joice Santos, ambas do MPEG, os prêmios entregues ao circuito escolar são estímulos para que continuem investindo na formação científica. Desse modo, os professores-orientadores dos primeiros lugares receberam computadores, doados pelo Dr. Manuel Ayres.

Alunos finalistas, professores e escolas que mais se destacaram também foram premiados com kits de publicações, a mesma sorte teve o público que acompanhava o evento, que ainda participou de um sorteio de publicações ao final.

Próximos passos – Os organizadores da premiação pretendem, até fim de novembro de 2009, fazer o balanço das quatro edições realizadas do prêmio para verificar o que pode ser melhorado, organizar um livro dos trabalhos premiados, lançar em 2010 a 5ª edição (com o apoio de algum patrocinador externo) e realizar um grande circuito pelos municípios que classificaram pesquisas – Belém, Barcarena, Bragança, Brejo Grande do Araguaia e Castanhal – apresentando os estudos dos jovens naturalistas do Pará.

Texto: Diego Santos, com colaboração de Joice Santos e Shamara Fragoso

 

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