Prêmio promove palestra sobre a vida das corujas urbanas

Vencedor da 2ª edição do Prêmio Márcio Ayres, o biólogo Marcos Cruz faz palestra sobre as corujas suindaras

Agência Museu Goeldi – Aos doze anos de idade, um garoto ouviu o zelador do prédio em que morava dizer que mataria alguns filhotes de coruja encontrados na vizinhança porque esses animais traziam mau agouro. Chocado, o menino começou a buscar informações sobre as corujas, percebeu que esta crença popular é um grave equívoco e mobilizou familiares e amigos para disseminar a informação. Hoje, o garoto é um jovem biólogo, trabalha com a reabilitação de aves de rapina no Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e é considerado a referência em falcoaria no Norte do país.

Esta é a história de Marcos Antônio Souza da Cruz, um dos vencedores da 2ª edição do Prêmio José Márcio Ayres para Jovens Naturalistas. Na manhã da próxima quarta-feira (28), ele conta como foi a experiência deste trabalho na palestra “A importância das corujas nas áreas urbanas de Belém”. O evento faz parte da programação da 5ª edição do Prêmio, uma iniciativa do Museu Emílio Goeldi e da Conservação Internacional (CI – Brasil), com o apoio da Escola da Biodiversidade Amazônica (Ebio), do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Biodiversidade e Uso da Terra na Amazônia.

Animais injustiçados – As corujas são aves solitárias de hábitos noturnos e se alimentam de pequenos mamíferos, insetos e outras aves. Elas não fazem ninhos, vivem e põem seus ovos em ocos de árvores e reentrâncias de casas e edificações e podem ser encontradas em vários lugares do mundo. Na cultura grega, este animal é símbolo de inteligência e sabedoria.

Por conta do desmatamento, estas aves perderam parte de seu habitat e vieram para os centros urbanos. O animal se adaptou e passou a viver em forros de prédios e topos de igrejas e a se alimentar de pragas urbanas, como ratos e pombos. No Brasil, o encontro entre corujas e seres humanos pode ser fatal para as aves, como na situação vivida por Marcos. Mas, em outros lugares do mundo, como na Europa e Estados Unidos, os seres humanos procuram atrair as corujas porque reconhecem a importância saneadora destes animais. Segundo Marcos Cruz, uma ninhada de corujas, em três meses, pode eliminar cerca de mil ratos.

As corujas suindaras de Belém – Para participar do Prêmio Márcio Ayres, Marcos sistematizou cientificamente o estudo com as corujas que desenvolvia até então de forma espontânea. Em seu processo de pesquisa para o Prêmio, ele construiu caixas-ninho para a reprodução de corujas suindaras, as populares e injustamente temidas rasga-mortalhas, em quatro lugares da cidade de Belém (capital do Pará): Rodovia Augusto Montenegro, Av. Almirante Barroso, Trav. Municipalidade e no bairro da Cidade Velha. Marcos observou o comportamento e fez um estudo adaptativo e nutricional de cinco casais.

Motivado pelo reconhecimento do seu estudo e pela importância das corujas, Marcos iniciou um trabalho de educação ambiental. Ele compartilhou o resultado de seu estudo em várias escolas e comunidades de Belém, bem como em outras cidades do Pará. Com entusiasmo divulgou o papel saneador da suindara para mudar a má fama deste animal. “A coruja é um animal muito perseguido por crendices. Então o meu trabalho é mostrar porque tem que ser preservado esse animal. Mas, todo mundo tem que fazer a sua parte”, diz Marcos. Assista um documentário sobre a Suindara feita por Marcos Cruz e Felipe Furtado. Clique aqui.

Referência em falcoaria na Região Norte - O trabalho apresentado por Marcos Cruz no PJMA chamou atenção do veterinário do Museu Goeldi, Antonio Messias Costa, que convidou o rapaz para acompanhar o tratamento e monitoramento de aves no Parque Zoobotânico do Museu Goeldi. A parceria rendeu uma atividade importante e única na região: desde 2006, Marcos deu início à prática da falcoaria, trabalho voluntário que faz até hoje. Este é um treinamento para a vida em liberdade de jovens animais e exercício para os que vivem em cativeiro. Mais de trinta aves de rapina já foram recuperadas e melhoraram sua qualidade de vida.

Marcos Cruz reconhece a importância do PJMA na sua formação e acredita que este é um incentivo para outros estudantes pesquisarem a Amazônia: “Esse prêmio é importante porque serve como incentivo para colaborar, concretizar um projeto de pesquisa e, quem sabe, descobrir novos talentos da biologia, veterinária e outros ramos. A Amazônia precisa de jovens empenhados em proteger e conhecer a biodiversidade”.

A história do jovem naturalista – A trajetória de Marcos Cruz será contada no primeiro episódio da websérie “Jovens Naturalistas do século XXI”, que apresenta as experiências de vencedores das edições passadas do PJMA. O lançamento do primeiro episódio da websérie narrando o processo do estudo sobre as corujas suindaras por Marcos Cruz acontece também no dia 28/09. Acompanhe os episódios no site do PJMA (http://marte.museu-goeldi.br/marcioayres/), no Blog da Ebio (http://escolabioamazonica.blogspot.com/p/pjma.htm) ou no Youtube http://www.youtube.com/watch?v=zTKGWQtDZgE.

PJMA – Até o final deste ano, estudantes e professores podem participar da programação do Prêmio, que inclui palestras, trilhas e oficinas relacionadas à biodiversidade amazônica. A próxima atividade será uma trilha pelo Parque Zoobotânico com o tema “Construindo saberes sobre a biodiversidade amazônica”, organizada pela Doutora Maria de Jesus Fonseca (Necaps/UEPA), coordenadora do PJMA e da EBio.Veja aqui a programação completa.

Serviço: Palestra “A importância das corujas nas áreas urbanas” com o biólogo
Marcos Antônio Souza da Cruz (Vale, 2º lugar/2º edição PJMA), no dia 28 de setembro, às 9h, no Auditório Alexandre Rodrigues (Parque Zoobotânico, na Av. Magalhães Barata, nº 376).

Texto: Luena Barros

 

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