Descobertas na floresta amazônica


No quarto episódio da websérie “Naturalistas do Século XXI”, a história da estudante que encontrou uma nova ocorrência de planta e uma profissão para seguir

Agência Museu Goeldi
- No cenário amazônico de árvores frondosas e de grande porte, foram as pequenas plantas que inquietaram a estudante Rita de Cássia Santa Brígida dos Santos. Ela investigou as espécies de pteridófitas encontradas no Parque Ambiental do Utinga, em Belém, e ganhou o 1º lugar da categoria Ensino Médio na 4ª edição do Prêmio José Márcio Ayres para Jovens Naturalistas - PJMA. Durante sua investigação, Rita teve uma surpresa: encontrou a ocorrência de uma espécie que ainda não havia sido descrita no Utinga, a Pteris tripartita. O estudo da jovem naturalista acrescentou um dado novo às pesquisas científicas sobre o local. Essa história é contada no quarto episódio da websérie “Naturalistas do Século XXI”, feita pelo projeto Labcom Móvel do Museu Paraense Emílio Goeldi - MPEG.

No websode “Descobrindo a flora amazônica – As pteridófitas do Parque do Utinga”, Rita conta o que aprendeu com a biodiversidade e a participação no PJMA: “Tudo tem sua função na natureza. O conhecimento que eu obtive foi incrível, tem me ajudado muito para tentar o vestibular”. Ela leu, observou a paisagem natural e procurou, a partir de métodos científicos, entender parte do mundo que vive. Consultou textos especializados com a ajuda de seu co-orientador, o biólogo Ailton Borges, para descobrir as características das plantas, sobretudo, das pteridófitas, e do local de estudo, o Parque Ambiental do Utinga.

Pesquisa de campo - Durante as visitas ao Utinga, Rita demarcou duas áreas de 800 m² cada e caracterizou-as como floresta primária (floresta intocada ou que sofreu pouca intervenção humana) e floresta secundária (que sofreu intervenções e está em processo de regeneração). Depois, levou o material ao Herbário do Museu Goeldi, onde pôde identificar as 28 espécies de pteridófitas encontradas nas duas parcelas demarcadas. Porém, a que se destacou foi a Pteris tripartita, uma nova ocorrência do Utinga, isto é, uma espécie já conhecida que ainda não havia sido registrada nesta área.

A jovem naturalista pretende publicar um artigo a partir de sua pesquisa, intitulada como “Composição florística de pteridófitas em dois fragmentos florestais diferentes na Reserva do Utinga, Belém-PA”, para que seja mais uma fonte de consulta sobre o Utinga.

Avaliando seu trabalho, Rita conta que se encantou com os estudos botânicos. O seu olhar para a natureza mudou e o conhecimento que adquiriu a ajuda no seu dia-a-dia de candidata ao vestibular. Seus próximos passos incluem vestibular, entrar no curso de Ciências Biológicas, tornar-se professora e instigar novos apaixonados pela natureza amazônica como ela.

O que são pteridófitas? – As representantes mais notórias deste grupo florístico são as samambaias e avencas. Na escala evolutiva das plantas, as pteridófitas formam o grupo que precede as briófitas. Sua principal característica é o sistema de vasos condutores, que levam os nutrientes da raiz às folhas. A rede formada pelos vasos condutores permitiu que as plantas se mantivessem eretas e fossem mais altas, o que deu origem às grandes árvores.

As pteridófitas não possuem sementes e dependem da água para se reproduzir. Por isso, são comumente encontradas em ambientes aquáticos e úmidos. São importantes para o equilíbrio do ecossistema, sendo fundamentais no desenvolvimento de outros grupos vegetais e animais, que se alimentam e se abrigam entre estas plantas. Seres humanos as utilizam principalmente como plantas ornamentais, sendo algumas espécies com aplicações medicinais.

O Parque Ambiental do Utinga – É a maior área de conservação da região metropolitana de Belém, possui 1.340 hectares e está situada entre os municípios de Belém e Ananindeua. O Parque existe desde 1993 e é aberto aos visitantes, que ali encontram áreas de floresta de terra firme, várzea e igapó, além dos lagos Bolonha e Água Preta, que abastecem a Grande Belém.

O Parque do Utinga também sofre com a urbanização à sua volta, que provoca contaminação dos lagos e de alterações no solo, este último originado pela compactação e asfaltamento de alguns trechos, além da entrada de pessoas em áreas proibidas.

As histórias dos naturalistas do século XXI – Lançada em 2011, a websérie “Naturalistas do Século XXI” faz parte da divulgação 2.0 da 5ª edição do Prêmio Márcio Ayres. A produção com mídias móveis (celulares, câmeras digitais e MP4s) conta a trajetória de participantes de edições passadas do PJMA com intuito de estimular o interesse de outros candidatos a jovens naturalistas nesta nova edição.

O primeiro episódio, intitulado “Um prêmio em quatro edições”, apresenta o surgimento e a missão do PJMA. A partir do segundo, os protagonistas são os alunos premiados, que falam sobre os trabalhos que desenvolveram ao longo do concurso: Marcos Antonio Souza da Cruz em “Uma amiga injustiçada – a vida da coruja Suindara em Belém”, Mariana Galuppo Fonseca em “Um olhar além – diversidade arbórea da Praça Batista Campos” e Rita dos Santos em “Descobrindo a flora amazônica – As pteridófitas do Parque do Utinga”.

O próximo websode, “Sob Nossos Pés - Formigas do Curió-Utinga”, será lançado em fevereiro no site do concurso e na página do Museu Goeldi no Youtube.

Participe do Prêmio Márcio Ayres
- Criado em 2003 como uma iniciativa do Museu Paraense Emílio Goeldi e da Conservação Internacional – CI Brasil, o Prêmio José Márcio Ayres para Jovens Naturalistas realiza sua 5ª edição, que conta com o apoio do projeto Escola da Biodiversidade Amazônica – Ebio, do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Biodiversidade e Uso da Terra na Amazônia. O Prêmio seleciona os melhores trabalhos científicos feitos por estudantes do ensino fundamental e médio da rede pública e privada do Estado do Pará. O concurso também premia os professores orientadores e as escolas que obtém o melhor desempenho. O objetivo da iniciativa é divulgar o tema “biodiversidade amazônica” nas escolas e estimular a iniciação científica na região. O PJMA está com inscrições abertas até 20/08/2012 nas categorias Ensino Fundamental (trabalhos em dupla) e Ensino Médio (trabalhos individuais). Para mais informações sobre inscrições e a programação da 5ª edição, visite o site do Prêmio www.marte.museu-goeldi.br/marcioayres ou envie um e-mail para Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo.

Texto: Luena Barros

 

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